O cidadão José Sócrates

No momento em que estas linhas são escritas, é discutida a possibilidade de José Sócrates sair da prisão de Évora, onde está detido preventivamente, substituindo a atual medida de coação pelo uso de pulseira eletrónica no conforto do lar. Medidas processuais à parte, é inegável que o antigo Primeiro-Ministro fica inevitavelmente ligado a este processo, independentemente de qual venha a ser a resposta dada pela Justiça, ganhando uma reputação certamente pouco invejável. Epítetos como “ladrão”, “corrupto”, “chupista” ou outros que são usados no debate político de tasca ou nos fóruns das redes sociais são coisas pouco simpáticas para serem associados a alguém e, para boa parte da população, nem será necessário julgamento para provar que as acusações são verdade. Como atesta esta lacónica mensagem.

A discussão

O período de euforia futebolística que agora se inicia não é o mais propício para a discussão e debate de política, em virtude de a atenção ser direcionada mais para os pontapés na bola do que para o debate sobre o estado do país. Ainda assim, para além do braço-de-ferro entre o Governo e o Tribunal Constitucional, também a disputa interna no PS vai fazendo correr tinta nos jornais, opondo o estilo “Vou-me deixar estar aqui quieto, a ver se ninguém repara em mim” de António José Seguro ao “A ver se me ponho ao fresco e tiro o gajo de lá, que oportunidades destas não surgem todo os dias” de António Costa. No meio de toda esta discussão, será conveniente recordar que, não obstante estar na Oposição, o PS partilha culpas com quem está atualmente no Governo, em relação aos males recentes deste país e seria importante que o debate interno se fizesse sem renegar culpas no passado, para evitar novos contratempos no futuro. Daí que estas acusações não sejam vazias de sentido.